mais um dia .




deitada na areia ainda molhada, no meio de uma multidão esfuziante, sentia o calor subir-me pelas pernas. puxaram-me pela mão e levaram-me ate ao mar, de mãos dadas fomos provando a agua gelada nos pés, a areia que acompanhava as ondas ate a margem fazia cocegas, num acto de coragem, mergulhei, sem medos fui ate ao fundo, e toquei com as mãos na areia que se soltava por entre os dedos, e vim acima respirar, bem fundo, recompôs o cabelo, a intensidade das ondas aumentava com a forte vontade que tinha de gritar. deitei-me e deixei-me levar, enrolada na espuma e nas algas, que provavam o sabor salgado da minha pele. atirava a água sem saber onde iria parar, agora, ali sentia-me feliz. tinha vontade de me atirar a agua, sem ter medo de a magoar; tinha vontade de gritar, sem que ninguém me mandasse calar; tinha vontade de ser criança, sem que ninguém visse; tinha vontade de aprender; de amar, ate que no meio daquela confusão de brincadeiras, acabamos sentados a ver o pôr-do-sol, e sem nos tocarmos, trocamos doces palavras.