o inverso do oposto*

Numa rua cinzenta, e pouco movimentada, fria e húmida da noite de chuva torrencial, dirigiu-se a mim, com passos largos e barulhentos, de mãos frias gritava, e explodia palavras, frases sem sentidos, ditas de cabeça quente, um discurso 'politiquista', onde apenas se destacava aquilo que lhe era benéfico, aquelas palavras não lhe ficavam bem, com um olhar superior e irritado fez-me frente, ergueu-se o peito, mas em poucos segundos baixou o seu timbre de voz, e compôs a postura, baixou a cabeça e fixou o olhar no chão, em gestos traiçoeiros ou de certa forma arrependido, brincava com os pés, na esperança de encontrar a explicação para tanta rudes, tentava falar mas o ar nervoso, e os tremelicos não o permitiam, apenas saiam palavras de gaguejes, sem perceber aquele acto de balburdia, onde eu propria não me encaixava, parou uns segundos, sem reacção, talvés estivesse a tentar perceber o que tinha acabado de fazer, de repente sem ter tempo de reagir, abraçou-me de uma forma inagualavel, como se estivesse a sentir que o Mundo acaba Ali, e em pausas, soluçava, tentando dizer alguma coisa que lhe tinha ficado preso na garganta, pouco tempo demorou até sentir o respirar fundo, e sem demoras levou o olhar adiante, pegou-me na mão molhada de lagrimas, e disse: "Sem ti.. não faz sentido, desculpa !"